Quarta, 03 de Setembro de 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (2) que, com a morte de Mino Carta, o Brasil perdeu seu maior jornalista. Lula viajou de Brasília para São Paulo para comparecer ao velório no Cemitério São Paulo.
“É importante que a juventude saiba: Mino Carta é inegavelmente o melhor jornalista brasileiro do século 20 e do começo do século 21”, disse o presidente após o velório.
“Eu fiz questão de vir aqui porque é a despedida de um grande companheiro. A gente não escolhe irmão, nem pai, nem mãe. Mas companheiro, a gente escolhe. E Mino Carta foi escolhido para ser meu companheiro nesses últimos 50 anos”, acrescentou.
Lula destacou a importância de Mino na criação de veículos como Veja e Carta Capital. “Veja no Brasil se tem alguém que chega perto do Mino Carta do ponto de vista de criar”, enfatizou Lula.
O presidente relembrou quando Mino o colocou na capa da Revista IstoÉ em 1978, a primeira vez que Lula foi manchete principal, com o título Lula e os Trabalhadores do Brasil.
“Foi gentileza do Mino Carta ter a disposição, em um momento importante do recomeço da luta dos trabalhadores, em fazer uma capa na IstoÉ que me ajudou e me colocou no cenário brasileiro da imprensa”, disse.
Juca Kfouri, também presente no velório, destacou a indignação permanente e o sangue latino de Mino. “Mino Carta era fundamentalmente uma pessoa permanentemente indignada, às vezes exageradamente. Não tinha meio-termo. O sangue italiano subia com muita frequência”.
“Ele jamais se omitiu, jamais se submeteu, inventou os próprios empregos a partir de um determinado momento, porque era intransigente com os princípios. Não se pode pensar em escrever a história da imprensa brasileira sem um capítulo especialíssimo dedicado a Mino Carta”, acrescentou.
A filha de Mino Carta, Manuela Carta, ressaltou que a história do pai se confunde com a do jornalismo contemporâneo brasileiro e lembrou da personalidade rígida no trabalho.
"Ele era completamente irredutível [em suas convicções]. Eu briguei com ele inúmeras vezes. Pai, vamos poupar isso aqui, vamos maneirar aquilo ali. Nossa, dava barraco feio, todo mundo achava que aquilo não era uma redação, era uma trattoria. Uma trattoria napolitana. Mas, no fim, a gente se divertia”, conta.
Manuela disse que o pai não viu o país como havia imaginado.
“No fundo, eu acho que o Mino não viu o Brasil que ele imaginou. Acho que aquilo que ele pensou que daria certo não deu como ele achava que podia ter dado. Ele tinha problemas com a elite, ele tinha problemas com o próprio Lula, eventualmente. Lula que é amigo dele, que se gostam muito, mas ele era um crítico de muitas coisas do próprio governo Lula”.
*Colaborou Wagner Júnior, da TV Brasil